terça-feira, 27 de março de 2012

Inocentes: Um dos porta-vozes do Punk Paulista

A banda, apesar do nome, pode ser considerada uma das culpadas pela explosão do movimento punk em São Paulo


Em 1981, o guitarrista Antônio Carlos Calegari, o baterista Marcelino Gonzales e o baixista Clemente Tadeu Nascimento, todos ex-Restos de Nada, e o novato Maurício, se uniram e formaram a banda Inocentes. Não demorou muito para que a banda ganhasse notoriedade na cena punk paulista e se tornasse uma de suas porta-vozes.

Junto com as bandas Cólera e Olho Seco gravaram o compacto “Grito Suburbano”, o primeiro LP que reuniu exclusivamente bandas punks brasileiras, lançada pelo selo “Punk Rock Discos” em 1982. No mesmo ano, participaram do festival punk “O Inicio do Fim do Mundo”, ocorrido no Sesc Pompéia e já falado anteriormente nesse blog. Em 1983, foram convidados por Fernando Meirelles a participarem do documentário “Garotos do Subúrbio”, ganhando mais destaque ainda, não só na cena punk e underground paulista. O vocalista, Clemente Nascimento, explica em uma frase de seu manifesto de 82 o objetivo do grupo e aproveita para alfinetar a conhecida e prestigiada da época “Vanguarda Paulista”:

“Estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira, para pintar de negro a Asa Branca, atrasar o Trem das Onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer.”

Tudo seguiu conforme planejado no inicio. O Inocentes nunca se venderam ao sistema e sempre permaneceram na cena musical independente. Porém, não menos fraca. Em 1995, a banda muda sua formação que permanece a mesma até hoje. Anselmo Monstro no baixo, Clemente Nascimento na voz e guitarra, Nonô na bateria e Ronaldo Passos na guitarra. Em 2001 comemoraram 20 anos de sucesso e gravaram um disco ao vivo no Sesc Pompéia, batizado 20 Anos ao Vivo. No ano passado, comemoração dos 30 anos da banda relançaram os três primeiros álbuns e começaram a gravar um documentário de nome surpresa por enquanto. O grupo irá participar da segunda edição do festival que aconteceu em 1982 no Sesc Pompéia e agora batizado como “ O Fim do Mundo, Enfim” ainda essa semana. O Rock Paulista 80’s acompanhará o show e trará as novidade na próxima semana.

Abaixo, vídeo da música Garotos do Subúrbio:

http://www.youtube.com/watch?v=_emapy6eXJM&feature=fvst

Da finada 89 FM A Rádio Rock à Fast 89 FM

A rádio paulista deixou muita gente carente quando se tornou a rádio pop


Nascimento em dezembro de 85 e óbito oficial em julho de 2006. Este é o ano da transgressão de uma rádio rock para uma rádio pop, hoje nomeada Fast 89 FM. A velha 89 ficou marcada, juntamente com a rádio Fluminense FM, por ser uma das precursoras a tocar rock. Em São Paulo, sua principal concorrente era a 97 FM, cuja não tinha a mesma amplitude. A 89 Rádio Rock alcançava as cidades do interior Sorocaba e Campinas, e ainda tinha retransmissoras até em outros estados. Ainda mais: se potencializara num símbolo de uma geração. Se quisesse ouvir rock era só ligar na frequência 89,1.


Alguns dizem que a rádio sempre foi conforme a correnteza, criticando-a por desde o início tocar o som conforme o mercado, e por isso mais tarde, com a perda de audiência, tenha definitivamente assumido este lado comercial. O fato é que sendo comercial ou não, sua marca ficou na mente de muitos roqueiros, com programas como Comando Metal e Pressão Total. Afinal, eram milhares de carros rodando com o adesivo da 89.


O clássico adesivo da antiga rádio

Em 2006, perdendo para a concorrência em seus últimos anos de vida, ocorre a mudança de direção. São demitidos locutores e a programação muda. O nome da rádio perde a expressão “A Rádio Rock” e logo ganha a atual “Fast”. Começa-se a tocar o black music e o dance music. O que ficou foi a nostalgia.

Hoje a Kiss FM(102,1) é a rádio rock de São Paulo, voltada ao público do rock clássico. Mas uma retransmissora da extinta 89 continua em Santos: a 98 A Rádio Rock, com programas como o Arquivo do Rock, que deixava muita gente com o ouvido grudado ao aparelho de som. Abaixo segue um pouco do que seria o programa.


IRA! O fim da banda




Uma das maiores bandas de rock do Brasil, encerra suas atividades após 25 anos de carreira

Os integrantes da Banda Ira!, Nasi, Edgard Scandurra, Fábio Scatone e Adilson Fajardo

No inicio de setembro de 2007 o grupo anunciou o seu fim, após uma série de divergências entre o vocalista Nasi e o seu irmão e empresário Airton Valadão. A briga foi causada por divergências contratuais e o anúncio feito por Nasi durante um show que a banda ficaria um ano de férias , indo contra a vontade de Airton, que queria que a banda continuasse fazendo apresentações pelo Brasil.

Formada no começo da década de 1980, a banda paulista de rock IRA!, se tornou uma das maiores referências musicais no Brasil. Com um estilo musical baseado no punk rock e bandas famosas e o nome inspirado no movimento homônimo irlandês o grupo formado por Nasi, Edgard Scandurra, Fábio Scatone e Adilson Fajardo, lançando o seu primeiro disco, "Mudança de comportamento", em 1985, mas o sucesso viria no ano seguinte com a estréia do LP, "Vivendo e não aprendendo". Após esse disco o grupo não parou mais lançando 16 álbuns e se tornou referência no rock nacional.

O Ultraje ultrapassando barreiras


A banda que começou em São Paulo ganhou visibilidade e fama nacional a partir de sua apresentação no programa do Chacrinha

“Rock é estrada”, disse o empresário Cacá Prates ao guitarrista Carlinhos, do Ultraje a Rigor. E de fato era verdade. Os quatro integrantes da banda paulista aprenderam isso logo depois que se apresentaram no programa “O Cassino de Chacrinha”, transmitido pela rede Globo aos sábados para todo o Brasil, e começaram a fazer diversos shows por várias capitais, começado pelo Sul e indo em direção ao Centro Oeste do país.

Por causa da visibilidade nacional que ganharam no programa, os ultrajes foram reconhecidos nas ruas e ganharam mais shows. O que na cabeça deles em uma apresentação teria mil pessoas no máximo, a partir daquele momento começou a ter casas lotadas e fãs tentando assisti-los de qualquer maneira, quebrando  e entrando por qualquer brecha por segurança ou afins.

De acordo com o líder da banda, Roger, ser atração em Recife foi algo surreal já que em “um show só nós botamos 17 mil pessoas num lugar, estava lotado”. Outra viagem que lhe marcou a memória foi a Ilhéus, Bahia, em que os quatro integrantes foram recebidos devidamente como Rock Stars, com dezenas de pessoas os aguardando com histeria.

E a tendência só foi crescer, já que depois em uma semana de vendas do primeiro álbum da carreira “Nós Vamos Invadir sua Praia”, o Ultraje vendeu 70 mil cópias, e na segunda semana batia a linha dos 500 mil.

terça-feira, 20 de março de 2012

A volta do RPM aos palcos

A banda que começou nos anos 1980, mas que voltou com a mesma potência de antes


RPM, da esquerda para a direita: Paulo P.A, Luiz Schiavon, Paulo Ricardo e  Fernando Deluqui

Revoluções Por Minuto é o significado de RPM, a banda que surgiu em 1980 com a união de Luiz Schiavon, até aquele momento um pianista clássico, mas decidido a tentar outro ritmo, um pouco mais popular, e o crítico musical Paulo Ricardo. Depois de juntarem sua paixão, alguns músicos foram convidados a participar da banda como o jovem baterista Moreno Junior, que foi impedido de fazer shows com o restante do grupo por ter apenas 15 anos, e Charles Gavin, que saiu para integrar os Titãs e foi substituído por Paulo P.A Pagni, e o guitarrista Fernando Deluqui.

Diferente do que estava sendo apresentado por outros conjuntos da cena roqueira, o RPM apostou num rock com letras românticas e batidas sintéticas, sendo um dos primeiros hits “Olhar 43”.   O álbum de estreia ganhou o nome da banda e teve como principais singles  “Juvenilia” , “Louras Geladas”, que já tinham estourado nas paradas antes mesmo do disco chegar a público, “Rádio Pirata”, “A Cruz e a Espada” e “Revoluções Por Minutos”.

Depois de explodirem na careira, os quatro integrantes resolveram expor a público o final do grupo em 1987. Porém os fãs foram recompensados com a tristeza causada pelo término, em 2001 todos eles se uniram novamente para mostrar ao público que o RPM estava na ativa novamente desde então foi gravado dois álbuns e DVDs ao vivo e em 2011 foi lançado o sucessor de "Paulo Ricardo & RPM", "Elektra", facilmente de ser reconhecido pelos seguidores por causa do ritmo, das letras e também pela rouquidão de Paulo Ricardo.

Assista abaixo o clipe do primeiro single do álbum "Elektra", "Olhos Verdes".


Cabeça Dinossauro: o clássico dos Titãs

O álbum mais político-social da banda ainda é referência do rock nacional 

Capa do CD "Cabeça Dinossauro" (Divulgação)

Lançado em 1986, o álbum “Cabeça Dinossauro”, da banda paulista Os Titãs, conseguiu não apenas levar ao grupo seu primeiro disco de ouro, mas também garantiu que o sucesso desta produção se mantivesse até os dias de hoje.

A crítica político-social, que se relacionava diretamente com o movimento punk nacional, é um marco na carreira da banda. As letras ácidas de “Bichos Escrotos”, “Polícia” e “Homem Primata”, compostas pelos integrantes originais do grupo, ainda são referências para outras bandas de rock no Brasil. Afinal, das 13 faixas que compunham o CD, 11 foram executadas nas rádios brasileiras.

Prova disso foi o show que Os Titãs fizeram no SESC Belenzinho, no último sábado (17). Os ingressos para a apresentação especial do álbum “Cabeça Dinossauro” se esgotaram em poucas horas. Além disso, o grupo se surpreendeu com a repercussão do evento, que marcou uma boa nostalgia para a “plateia natal” da banda paulista.


terça-feira, 13 de março de 2012

32 anos de Ultraje a Rigor

Mesmo com formação diferente, o quarteto segue sua carreira sem grandes sucessos desde a década de 1990, mas com a mesma paixão dos anos 1980


Ultraje a Rigor: 1ª formação


O Ultraje a Rigor ficou conhecido em 1983, três anos depois do inicio da banda, com os singles “Inútil” e “Mim Quer Tocar”, que contêm letras provocativas a forma das pessoas preferirem a alienação assim como a maior parte de suas composições. As duas canções estão no primeiro álbum do grupo, “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, de 1985, que fez com que os caras estourassem nas paradas brasileiras e também foi o primeiro a receber disco de ouro e platina na história do rock nacional.

Com seis álbuns de estúdio na carreira, a banda, liderada por Roger Moreira, existe até hoje, mas de todos os quatro integrantes apenas o vocalista e líder é que se manteve nesses 32 anos. As ocupações de Leonardo Galasso, na bateria, Sílvio, no baixo e Edgard Scandurra, na guitarra, hoje pertencem a Mingau, no baixo, Bacalhau, na bateria, e Marcos Kleine, na guitarra. 


Ultraje a Rigor: formação atual

Atualmente os quatro integrantes participam do programa do apresentador Danilo Gentili, Agora é Tarde, como banda fixa. Apesar de não terem lançado mais nenhum disco de inéditas desde "Os Invisíveis", de 2002, o quarteto ainda roda todo o país fazendo shows e animando todos os seus fãs da mesma maneira que faziam nos anos 1980.



As melhores de Rita Lee nos anos 80

A cantora lançou alguns de seus maiores hits na década

Rita Lee no início dos anos 80 (Divulgação)
Uma das maiores representantes do rock brasileiro, Rita Lee começou sua carreira na irreverente banda Os Mutantes, ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, na segunda metade dos anos 60.

Sempre com cabelos ruivos, a cantora paulista fez uma trajetória invejável na música brasileira, tanto com os grupos que formou, quanto em sua carreira solo, direcionada mais para o lado pop. Na década de 80, Rita Lee lançou alguns dos seus maiores sucessos que, sem dúvida, marcaram época.

A música “Lança Perfume”, por exemplo, teve tanto alcance que chegou a ser gravada em francês e inglês. Com composição assinada por Rita Lee e seu marido, Roberto de Carvalho, a canção polemizou devido à letra sensual e por fazer apologia à droga homônima.

Um dos hinos da cantora, “Desculpe o Auê” foi lançada em 1983. Esse pedido de desculpas de uma ciumenta apaixonada fez tanto sucesso que ficou indispensável às setlists dos shows da cantora.

Por último, não é justo deixar de fora as românticas e sensuais “Caso Sério” e “Banho de Espuma” (Roberto de Carvalho/Caetano Veloso). Essas músicas mostram uma das principais características nas composições de Rita Lee: o erotismo presente nas letras.


Titãs: Um dos gigantes do Rock brasileiro

Uma das bandas de rock mais famosas e influentes do Brasil, os Titãs são os "Dinossauros do Rock" nacional

A primeira formação dos titãs, na década de 80 

O grupo Titãs é uma das bandas de rock mais famosas e influentes do cenário musical brasileiro, seu surgimento foi no final da década de 70, numa das escolas mais populares de São Paulo, a Elite, aonde todos os integrantes estudavam. Originalmente a banda tinha o nome de Titãs do Iê – Iê, porém o nome foi alterado devido à confusão que ele causava, pois os apresentadores e fãs pronunciavam Titãs do Iê – Iê – Iê, fazendo referencia ao movimento homônimo dos anos 60.


Formação atual do Titãs: Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Belloto e Branco Mello


O primeiro show foi em 1982, no SESC Pompéia, porém o primeiro disco só foi lançado em 1984, com o titulo fazendo referencia ao nome do grupo. Logo de cara o álbum foi um sucesso, e também lançou um dos maiores sucessos do grupo “Sonifera Ilha”. Depois disso foi uma sequencia de sucessos e prêmios para o noneto mais famoso do país, naquela época os integrantes eram Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Belloto, Ciro Pessoa e André Jung. Atualmente o grupo conta somente com quatro pessoas são elas, Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Belloto.

Ao longo de quase 30 anos de carreira, os Titãs já lançaram mais de 15 discos e ganharam muitos prêmios. Atualmente eles se preparam para lançar o disco de comemoração de 30 anos, que contará com os maiores sucessos, como por exemplo, “Marvin”, “Familia”, “Policia”, “Epitáfio”, entre outros e composições inéditas.

O Começo do Fim do Mundo

1982 foi o ano para o movimento Punk

Capa do LP "O Começo do Fim do Mundo"
Em 1982, Antônio Bivar e Callegari, ambos guitarristas da banda Inocentes, se uniram e organizaram o maior evento punk de São Paulo. O festival foi batizado de "O Começo do Fim do Mundo" e aconteceu nos dias 27 e 28 de novembro, no Sesc Pompéia. Além de shows com os maiores ícones do punk de São Paulo e do ABC paulista, o evento também teve exposições de fotos, projeções de vídeos e fanzines. Simultaneamente, Antônio Bivar lançou o livro "O que é Punk" que fez parte da coleção "Primeiros Passos".

No total, foram vinte bandas e o show, que foi gravado ao vivo , rendeu um disco homônimo. Para bandas como M-19, Juízo Final e Suburbanos, foi o único registro. Como o festival reunia várias gangues, o confronto entre as mesmas foi inevitável e a repercussão do festival não foi das melhores.

O disco homônimo foi lançado primeiro em LP, em 1983, pela gravadora New Face Records e contou com a participação de 19 bandas. Treze anos depois o albúm foi relançado pela Decontrol Records e dessa vez com 20 bandas, já que a Ulster havia se sentido prejudicada na primeira gravação e se negou a participar do LP.

Este ano o festival completa 30 anos e terá uma segunda edição, realizada no mesmo local e batizada de "O Fim do Mundo, Enfim".

Segue abaixo a tracklist do albúm completo lançado em 1996. Tracklist:

01- Dose Brutal - Face da morte
02- M19 - 19 de abril
03- Neuróticos - Careca
04- Inocentes - Salvem el Salvador
05- Psykóze - Papo furado
06- Fogo Cruzado - Ratos de esgoto
07- Juízo Final - Liberdade
08- Desertores - Não Quero
09- Cólera - C.D.M.P.
10- Negligentes - Herói
11- Extermínio - Holocausto
12- Suburbanos - Era Suburbanos
13- Passeatas - Direito de protestar
14- Lixomania - Punk
15- Olho Seco - Haverá futuro
16- Decadência Social - Decadência social
17- Marginal - Estado de coma
18- Ratos de Porão - Novo Vietnã
19- Hino Mortal - Desequilíbrio
20- Ulster - Heresia


Do it yourself

Ainda é possível deixar os produtores e fazer rock com as próprias mãos

A combustível que movia o rock dos anos 80 era o “do it yourself”, ou seja, a banda fazia tudo sozinha. Organizava shows, vendia seus discos, fazia sua própria publicidade e até confeccionava suas próprias roupas. Tudo fazia parte do universo das bandas que preferiam contrariar o assédio das gravadoras.

É um estilo de vida intrínseco ao underground. Um underground que ainda sobrevive nos cantos da nossa cidade, e desta forma, continua carregando com ele o espírito “do it yourself”.  É um espírito selvagem que teve de se adaptar a um novo mundo. A roupa rasgada já vem pronta, não existem mais discos, e a forma de divulgar a sua banda é outra.

Mas, mesmo com a ideologia oitentista enfraquecida, o novo século nos propicia o resgate desse “do it yourself”.

A tecnologia mais madura é o instrumento que possibilita às novas bandas darem um tapa nas gravadoras. Hoje se pode ter um estúdio de gravação no seu PC (baixando, inclusive, os programas pela net), divulgar trabalhos em dezenas de sites e compartilhar informações sobre projetos novos pela rede. Este é um admirável mundo novo, no qual você nasce primeiro no mundo virtual para se tornar real. Mas é tudo com o seu suor.

terça-feira, 6 de março de 2012

Madame Satã: O templo do Underground


O porão que foi palco dos maiores nomes do rock paulista está de volta


Madame Satã


Entre tantas casas noturnas de São Paulo na década de 80, o Madame Satã merece uma atenção especial. O famoso porão escuro do casarão localizado na Rua Conselheiro Ramalho, 873, foi palco para as bandas: Ira!, RPM, Ratos de Porão, Inocentes, Capital Inicial, Cazuza, entre outros. O Madame destacava-se por não ser apenas uma casa noturna com bandas e DJs, mas era palco para performances artísticas, exposições, debates e chegou até a ter uma revista.

Aberta em 1983, o Madame Satã viveu o seu auge e explosão durante toda a década de 80 e fechou as portas em 2007. Por seus palcos passaram todas as tribos e vertentes do rock. Após cinco anos de batalhas travadas com a justiça, a prefeitura e os donos do imóvel, o Madame, agora sem o Satã, reabriu suas portas no último dia 29 de fevereiro em grande estilo com o show da banda “As Mercenárias”.

Os filhos do underground que ficaram órfãos com o fechamento da casa, os góticos, os rockers, os indies, os moderninhos ou aqueles que só estão a fim de extravasar pela noite paulistana, já podem podem comemorar. O Madame voltou e mesmo sem o Satã, voltou tão endiabrado quanto antes.



Ultraje a Rigor interpreta “São Paulo”, do grupo 365, no aniversário da capital paulista

Em janeiro, a música foi eleita a cara da capital pelo blog Combate Rock, do Jornal da Tarde 

Av. Paulista

Existem diversas músicas que utilizaram a cidade de São Paulo como protagonista. A longa lista vai dos Inocentes, até as bandas Ira!, Premeditando o Breque, Made In Brazil, Joelho de Porco, Flicts e muitas outras.

No aniversário de 458 anos da capital paulista, comemorado em janeiro deste ano, os leitores do blog Combate Rock, hospedado pelo Jornal da Tarde, do Estadão, elegeram a música que mais tem a cara de São Paulo. A grande vencedora foi a canção “São Paulo”, do grupo 365, lançada em 1986 e considerada um clássico do rock brasileiro.  

No ano em que completa 30 anos de carreira, a banda Ultraje a Rigor aceitou o convite do site do Estadão e interpretou “São Paulo”, em comemoração ao aniversário da cidade. Confira como ficou:


O Teatro Lira Paulistana e as Bandas de Rock famosas


A casa de shows foi palco para o surgimento de bandas de rock que fazem sucesso até hoje

Com certeza você já ouviu falar do Ira!, Os Titãs, Ultraje a Rigor ,todos esses grupos tem uma relação especial entre si, o inicio de suas carreiras foram no Teatro Lira Paulistana . Inaugurado no final da década de 1970, o teatro foi um dos centros culturais responsáveis pelo surgimento de bandas de rock famosas na década de 1980 e que continuam até hoje. Isso por que o Lira promovia shows no qual o enfoque eram os grupos que estavam começando suas carreiras. Porém alguns deles não se tonaram famosos e ficaram pelo caminho, ou tiveram os seus“15 minutos de fama” e depois desapareceram do cenário musical brasileiro.

Entrada do Teatro Lira Paulistana

Outras porém emplacaram umsucesso atrás do outro, e continuam ativas no mundo musical, como por exemplo, OsTitãs, Ultraje a Rigor, Ira!, e as bandas de Punk Rock, Ratos de Porão e Cólera, que inclusive gravaram o seu primeiro disco no teatro. Todos eles foram responsáveis pelo que foi considerado o movimento chamado de a “vanguarda paulista”, e as suas músicas fazem sucesso até hoje, sendo sempre tocadas nas rádios, esses "dinossauros" do rock brasileiro continuam lançando novos sucessos e influenciando a nova geração de cantores.

Confira abaixo o videoclipe da música "Flores", da banda Os Titãs.

As bandas: O que era e o que está famoso

Na década de 80 o rock paulista começava a ser abduzido pela indústria fonográfica, mas de lá pra cá os sucessos mudaram de faixa etária


O underground era assediado pela indústria. Hoje, fazer rock já não é mais um tiro no escuro. Cortamos o cordão umbilical, mas o rock mudou, e para alguns até morreu. As bandas famosas atuais são alvo da crítica por serem, digamos, “sentimentais” demais.  Será que o rock está muito colorido, ou é apenas uma questão mercadológica? Uma coisa é certa: o direcionamento do público mudou.  Algumas das bandas punks e hardcore paulistas de 80 como Ratos de Porão,  Cólera e Garotos Podres, tinham letras e posturas que postavam-se em revolta ao sistema, puro da ideologia. E mesmo as mais “comportadas” tinham suas contestações, como as famosas Ira! e Titãs. O público, dentro das suas limitações, tinha uma visão mais política.


A banda Ira! marcada por letras que causaram discussões


No entanto, a rebeldia de hoje para a mídia é o rock colorido e o emocore(vertente do hardcore). As coloridas como Cine, Restart e os emos do NX Zero são compostas por adolescentes e fazem a cabeça da meninada que acabou de comprar seu primeiro absorvente. Mas devemos pensar, isso é apenas conceito do mercado.


A banda Restart, marcada por letras que causam euforias

Brasil e o Rock


A trilha sonora dos anos 1980 veio de fora, mas criou características próprias

É difícil medir o impacto que certas coisas têm sobre outras, principalmente quando temos que falar de uma década inteira. E o foco aqui é 1980. Mas o que este período tem demais? Ou que tem de peculiar em relação a outras décadas do século XX? A resposta é tudo e nada.

Os anos 80 foram o ápice das mudanças na sociedade – diversas manifestações culturais fizeram com que esses dez anos se tornassem diferentes de tudo aquilo que os brasileiros já haviam vivenciado. E as principais fontes de alteração no cotidiano das pessoas, provavelmente, foram o fim da ditadura militar, que cessou em 1985, e a influência de várias culturais estrangeiras por meio de filmes, músicas e arte em geral, que tomou conta do dia a dia na vida dos jovens.

Em um curto período, nomes como The Cure, The Smiths e The Clash invadiram as pistas das baladas e também incentivaram o nascimento de bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs, Engenheiros do Havaí e muitos outros no Brasil. A expansão do Rock pôde ser ouvida em todas as partes do país e criou diferentes vertentes:  em Brasília, havia grupos como Aborto Elétrico, que cantavam a política; no Rio de Janeiro, as coisas tolas viravam brincadeira nas vozes de Paula Toller, líder do Kid Abelha, e de Evandro Mesquita, linha de frente da Blitz. Em São Paulo a coisa se misturava, assuntos sérios eram expressados por vozes zombeteiras,  como a música “Inútil”, do Ultraje a Rigor.

Veja o clipe da música "Você Não Soube Me Amar", da Blitz, de 1982, que iniciou o estoro do rock nacional nas rádios e a expansão do movimento. Em seguida assista "Inútil", do Ultraje a Rigor, de 1984.